terça-feira, 24 de junho de 2008

Poesia de casa

A revolução das palavras

O sujeito, eu não sei onde está.

O seu objeto está em algum lugar.

Minha mãe metáfora irá me ensinar,

A não fazer comparações desde já.

O verbo trabalhar entrou em greve

E a preguiça virou coisa vulgar.

Malandro deixou de ser substantivo

E virou adjetivo.


As frases alternadas não ganham vírgula.

Os advérbios de lugar transformaram-se em de tempo,

E com o tempo ninguém quer usar.

Os acentos fogem do lugar, e inclusive

Eu não sei onde sentar.


Por falta de A, a crase não existe mais.

Por falta de vocação não existem vocativos.

E as ambigüidades passaram a ter um só sentido,

Deixando os humoristas sem emprego.


A coordenação da revolução não vem de uma coordenada, nem

De uma subordinada, e sim de uma interjeição,

Que sem pedir licença gritou: Viva a revolução!

Elas estão me impedindo de escrever, e por falta de palavras

Terei que acabar a poesia. Elas só prometem voltar,

Se um dia alguém se lembrar de se expressar.



*Borba Borges é poeta e estudante de Direito.


Um comentário:

Unknown disse...

Genial amigos, gostei muito do texto, Parabéns!
Temos que divulgar o saite.
Abraços.